quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O meu português

          Quando vejo minhas amigas professoras falarem da educação penso no meu português e tudo o que ele significa para mim,  porque cada um tem o seu. Quando escuto as falas: "o que se aprende na faculdade não serve para nada!" , "cultura, pra quê estudar cultura?" ou "essas criaturas não querem nada , essas crianças de hoje são muito burrinhas!" .    

           Essas frases me fazem lembrar do Jardim Escola Final Feliz, onde aprendi a ler. Tinha tanto medo da Tia Isis que era  a diretora, que o dia de "tomar a leitura" era um dia de pânico, porque a carrasca batia na mão da gente. Mesmo assim sempre gostei de ler. Primeiro com livros religiosos, que eram os únicos que a minha família tinha acesso. Na minha escolinha elitista de bairro, que mais parecia uma fábrica de alfabetização, o único livro que a gente conhecia era a cartilha da coleção Eu Gosto.
          Os livros que tinham na minha casa, pasmem eram os romances de camelô como Sabrina, Júlia. Num lugar mais inocente e menos romântico estavam os meus gibis favoritos do Homem-Aranha e Super Man. Quando achava na lixeira dos prédios, onde trabalhava como doméstica, minha mãe trazia livros de histórias infantis e fábulas, eu adorava o Gato de Botas.
          Na escola que agora era pública, a gente só ia para biblioteca quando éramos considerados pequenos, era um dia muito feliz, eu lia vários livros, era muito bom. Depois, quando a gente ficava "grande" fechavam a biblioteca. Meus professores vinham com orações, classes gramaticais tudo muito chato... O que eu queria mesmo era a biblioteca!
          No ensino médio era diferente, a escola de elite, formadores de campeões do vestibular tinha um trabalho diferenciado, mas só alguns professores se dedicavam a isso, o resto só sabia mesmo é das orações.  A aula de redação era muito esperada, lembro que nós estudamos o texto Feliz Aniversário conto de Clarice Lispector. Era divertidíssimo, encená-lo foi ótimo. Até o dito livro paradidático que era sobre drogas foi legal, pesquisamos uma peça e encenamos também, assim era divertido!
          Sempre gostei do português, nós temos um caso e eu acho que é amor!

2 comentários:

  1. Chaiene, que história rica a sua!! Parabéns! Fico feliz por saber que,mesmo em situações tão adversas, é possível aprender a gostar de ler... Continue nesta estrada...

    Abs
    Ivan

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  2. Adorei! Eu também adorava gibis, aqui perto de casa tinha uma senhora que sempre dava uns gibis pras crianças, porque o filho dela crescia e não se interessava mais. Tenho alguns até hoje.

    =D

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